A Lambda3 levanta muitas bandeiras sobre o respeito às diferenças, por isso, é importante falarmos sobre diversidade de gênero. Afinal, quase sempre, a sociedade tem ações inadequadas que geram sofrimento e falta de apoio para as pessoas. Dentro das empresas, este cenário também é recorrente.

Acreditamos e vivenciamos a diversidade na sua totalidade, pois trabalhamos com pessoas. Para nós, olhar a diversidade de gênero dentro da empresa nos traz a possibilidade de impactar a sociedade, mostrando os preconceitos existentes, as dores geradas e como podemos rever tais comportamentos para oferecer uma sociedade mais segura, responsável e com oportunidades reais para todas as pessoas – que o gênero não defina os caminhos e oportunidades.

Desde o processo seletivo, conseguimos trazer a abordagem sobre a existência da discriminação. Entre os tópicos, falamos das vivências entre as pessoas do time, a percepção de confiança do trabalho e posicionamento das pessoas dentro e fora da empresa, comentários e rótulos inadequados, limitando a forma que a pessoa pode ser e/ou se expressar.

São diferentes ações e o que buscamos é mapear, agir, ensinar para que não aconteça mais e que isso leve para práticas reais para as outras relações que temos na sociedade. Por isso, buscamos promover o nosso ambiente o mais seguro possível. Daí vem a necessidade de termos um processo seletivo cuidadoso e focado no conhecimento da pessoa de forma integral.

Embora tenhamos total consciência sobre a importância da discussão sobre o tema e da prática de ações que estimulem esse debate, a realidade no país ainda está longe do ideal. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), companhias que monitoram o impacto da diversidade de gênero na liderança apontam crescimento de 5% a 20% nos lucros quando mais mulheres são contratadas para cargos de chefia. No entanto, a realidade no Brasil ainda está longe da ideal: o levantamento indica que apenas 3% de mulheres ocupam cargos de liderança nas empresas.

[box] Clique aqui e leia também nosso artigo da série #DiversidadeNaLambda sobre
como combate à LGBTIfobia na empresa pode ajudar na (des)construção de uma sociedade melhor
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Identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico

Antes mesmo da inclusão de pautas nas empresas que estejam voltadas à diversidade de gênero, lideranças e equipes precisam, primeiro, entender que há diferença entre identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. Ainda que existam pessoas que conheçam cada característica, boa parte da sociedade ainda tem dúvidas. Portanto, abaixo estão tópicos importantes que podem ajudar a sanar essas questões.

O que é gênero?

O gênero é construído socialmente e não está relacionado ao sexo biológico. E temos que respeitar o gênero que cada pessoa se identifica.

Qual a diferença entre gênero e sexo biológico?

Gênero e sexo biológico não são a mesma coisa. O sexo diz respeito às distinções biológicas e anatômicas do corpo, ou seja, está relacionado aos órgãos genitais e aparelhos reprodutivos. O gênero está associado à construção social de uma pessoa.

O que é identidade de gênero?

Identidade de gênero está relacionada ao sentimento da pessoa sobre seu próprio gênero, seu modo de expressão, suas roupas e sua aparência, ou seja, gênero não diz respeito à anatomia dos órgãos genitais, mas sim à autoimagem da pessoa, já que ela se define conforme a percepção que tem si mesma.

Existem inúmeros tipos de gêneros, mas os mais comuns são identificados em pessoas: Cisgênero, que se identifica com o gênero atribuído ao nascer; Transgênero, que se identifica com um gênero diferente daquele atribuído no nascimento; Agênero, que não se identifica com nenhum gênero; Gênero Fluído, que flui pelos gêneros e não se identifica unicamente com o masculino, feminino ou com o gênero neutro; Binário, que possui como perspectiva de gênero a divisão obrigatória entre masculino e feminino; Não-binário, que não se identifica com os polos binários de masculino e feminino; Intersexo, que não se encaixa nas definições de feminino e masculino (pelos elementos reprodutivos, genitais, genéticos ou hormonais).

Qual a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual?

Orientação sexual não é o mesmo que identidade de gênero, não existe uma relação entre esses dois conceitos. Orientação sexual está relacionada ao desejo sexual que uma pessoa sente por outra e é desenvolvida ao longo de sua vida.

Entre os tipos de orientações sexuais mais conhecidas, podemos afirmar elas estão ligadas a pessoas: Heterossexual, que sente atração por pessoas do gênero oposto; Homossexual, que sente atração por pessoas do mesmo gênero; Bissexual, que sente atração por pessoas de ambos os gêneros; Assexual, que não experiencia atração sexual de forma parcial, total ou condicional; Pansexual, que sente atração por qualquer pessoa, independentemente de seu gênero.

A Lambda3 apoia a luta a favor da diversidade de gêneros. A diferença entre gêneros tem um poder de transformação social muito grande, pois mostra para todas as pessoas que essa diferença é algo natural. Buscamos uma forma de fazer com que todas as pessoas se sintam confortáveis em serem elas mesmas dentro da empresa e fora dela também.

Quando oferecemos oportunidades reais para as pessoas que muitas vezes não possuem espaço nas outras empresas, oferecemos um lugar para que ela possa ser ela mesma e conquiste sua independência financeira, e amplie as possibilidades de escolhas e conquistas. Isso é um ponto.

Outro ponto é falar sobre temas que, geralmente, não são debatidos nas interações da sociedade. E quando isso é estimulado dentro da empresa, permite a discussão, a análise e as possibilidades de dividir tais informações com as outras pessoas que fazem parte da rede de relacionamento.

Com isso, se impactamos alguém de fora, consequentemente, que pode gerar um novo olhar capaz ampliar de forma exponencial e, também, gerar a discussão para ressignificar atitudes inadequadas na sociedade que, quase sempre, são toleradas.

A discussão sobre a diversidade de gênero nas empresas e na sociedade não é só importante. Ela é necessária. É assim que amplificamos o conhecimento, rompemos com o atraso cultural e fazemos do nosso mundo um lugar mais justo e igualitário.

Jaqueline Venturim