Há alguns meses, falei sobre como negociação é uma habilidade essencial a ser desenvolvida enquanto designer num contexto multidisciplinar. Nessa segunda parte, quero falar de outra competência que foi essencial na minha trajetória: saber flexibilizar o processo de trabalho.

Estudamos muito sobre ferramentas, metodologias e processos. Quando, quais e como aplicar cada um de acordo com o impacto esperado.

Em cursos de formação em UX, é comum a construção de cases com a finalidade de praticar o aprendizado e ter a oportunidade de aplicar um processo de ponta a ponta. São ótimas metodologias de ensino para a pessoa experimentar e, em casos de transição de carreira, ser o primeiro ponto de contato com a área de produto.

Mas, como muitas coisas na vida, isso tem um porém: Pessoas profissionais que entram no mercado e que acabam se frustrando com a maneira que os processos são aplicados.

Já adianto que: Na maioria das vezes, não tem um caminho suave como nos cases de curso. E tá tudo bem.

É importante lembrar que tudo tem um custo que, em algum ponto, se converte em dinheiro. Tempo e a maneira como usamos nossa própria mão de obra são custos que precisam ser bem gerenciados pela pessoa profissional.

Por isso é muito importante entender a essência do processo de Design para que seja possível flexibilizar de acordo com o cenário atual de um projeto, cliente ou empresa. Sabe-se que, por exemplo, em empresas com pouca maturidade de UX, não existe muito espaço para pesquisa ou processos de descoberta. E por isso, subentende-se que é impossível e, por consequência, muitas etapas do processo de trabalho são cortadas sem mais, nem menos.

Costumo pensar que a nossa função, em várias situações, é muito mais analítica do que criativa. Existe muita coisa para ser avaliada antes de alguma decisão ser tomada.

Digamos que uma funcionalidade precise ser concebida. É preciso entender quais são os objetivos com aquilo que será trabalhado, num âmbito externo, que é o impacto nas pessoas usuárias, e num âmbito interno, questionar se existe uma vontade de mostrar algo para o time ou empresa – E aqui entra a questão de explorar a maturidade de UX na empresa, mas isso é tema para outro post!

Além disso, o cronograma da tarefa deve ser organizado. O dia a dia de trabalho segue alguma metodologia ou prática ágil? Qual é o ritmo das entregas?

Com base nisso, é possível entender o tempo de trabalho e encaixar o que precisa ser feito dentro desse prazo.

Ferramentas, para que te quero?

O Diamante Duplo é um ótimo aliado durante o aprendizado de UX mas ele não está escrito em pedra. Existem inúmeras maneiras de imergir, idear e desenvolver uma solução – é preciso entender qual é a melhor para cada momento e, caso seja escolhido um método muito complexo, ocasionalmente ele precisa ser adaptado para se encaixar em determinados contextos.

As vezes só será possível imergir no problema por poucos dias ou algumas horas. Às vezes, a pesquisa será buscar no Google pelo que foi dito sobre determinado tema, ler artigos e buscar boas práticas. Nem sempre será possível, por exemplo, reunir todo o time para rodar alguma dinâmica de co-criação ou, quando dá, pode ser que não dê tempo de fazer os ciclos no tempo pré-determinado pela ferramenta. E é por isso, repito, que é preciso entender com qual objetivo cada técnica ou ferramenta está sendo aplicada, porque, assim, há mais segurança na hora de escolher como chegar na solução do problema.

Nem sempre saberemos qual é a melhor ferramenta para o momento, nem sempre teremos um nome para o método que estamos usando, e nem sempre teremos um método. E também não há problema algum em tirar pedaços ou mexer no processo de design – o artigo todo é pra mostrar isso.

Mas é preciso ter consciência sobre que está sendo feito. Precisamos tomar decisões de propósito e saber como sustentá-las. O primeiro post que eu fiz, sobre negociações, pode ajudar nisso também.

Nosso trabalho é cíclico

E dia após dia surgem novas maneiras de solucionar um problema – cada designer pode chegar na mesma solução, mas de maneiras diferentes. O mais importante é não se apegar tanto ao ferramental e desenvolver a habilidade de compreender o contexto e decidir sobre o melhor jeito de resolver aquilo que é proposto, dentro do seu contexto e da sua experiência.

Aviso legal (ou quase isso)

O texto acima é 100% opinativo e é baseado nas coisas que eu vivencio desde que comecei a estudar e trabalhar com Design e acredito até o momento. Se você que chegou até aqui tem algo a acrescentar, vou adorar saber.

Até a próxima!

Sarah Barros

Uma catarinense que ama chopp, cachorro quente e girafas, conversadeira e um poço de fatos aleatórios. Designer de formação, atuo na área de tecnologia desde 2018 e acredito no design como ferramenta de democratização e acesso a diferentes mídias e espaços.