Hoje foi o primeiro dia do Brazil Scrum Gathering, primeiro Scrum Gathering realizado fora da Europa e Estados Unidos, e eu estava lá. O dia foi o máximo, com uma abertura de, pasmem, Ricardo Vargas, chairman mundial do PMI. Seguiu depois com várias palestras de técnicas relacionadas a Scrum, e também casos de sucesso. Houve uma palestra sobre CMMi com Scrum. O ponto alto do evento foi um keynote do Ken Schwaber, feito virtualmente.

Minhas impressões:

O PMI está preocupado com a adoção massiva do Scrum. O Ricardo Vargas deixou claro que Scrum e PMI não são excludentes. Isso na teoria parece ser verdade. Na prática, como 99% dos PMPs praticam as propostas do PMI, são coisas diametralmente opostas. Em determinados monentos o Ricardo Vargas soltou algumas frases interessantes. A primeira foi que você não precisa respeitar o PMBoK, o que caiu como uma bomba para os muitos PMPs da platéia. A segunda foi que ele, Ricardo Vargas, não entende gestão compartilhada porque em projetos 90% das pessoas de qualquer equipe quer mais é ir embora para casa em vez de se envolver de verdade em um projeto. Isso, de cara, impede qualquer convivência entre PMI e Scrum. Mas enfim…

O keynote do Ken Schwaber eu achei fraco. Para o cara que é o presidente da ScrumAlliance, eu esperava mais. Ele praticamente resumiu vários pontos do curso de CSM, inclusive realizando um treinamento lá como todos, na hora. Isso foi ruim porque a maioria do público já entendia Scrum, e muitos eram CSMs, ou seja, não agregou. Depois ele abriu para perguntas, e eu tive a chance de fazer uma das várias perguntas que já tinha elaborado. Aproveitei para fazer uma pergunta que os xiitas de agile (xiitas nunca são bons) defendem com a alma: Projetos em Scrum falham? Reposta: Falham (para tristeza dos xiitas). Você pode perceber que o projeto é inviável financeiramente depois de algumas sprints, por exemplo. Ainda assim, ele disse que projetos de Scrum são feitos para não falhar. Oras, os defensores do waterfall também diriam isso… Mas enfim…

No final houve um coquetel no próprio hotel, e uma boa parte dos palestrantes e alguns participantes resolveram esticar em um happy hour, que acabou agora à pouco. Foi bem legal, porque pudemos trocar muitas experiências tanto no coquetel, quanto no happy hour.

Eu falei para todo mundo: US$ 200 por um evento desse, com os palestrantes que estavam lá, nesse nível, incluido até mesmo almoço, estava de graça. Quem não foi, e gosta do assunto, perdeu uma excelente oportunidade. O próximo gathering vai ser na Alemanha, ou seja, vai ficar bem mais complicado participar.

Giovanni Bassi

Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.