Três mulheres mexendo no computador

A presença de mulheres na tecnologia não é nova. Estamos presentes nas primeiras linhas de código que foram escritas, nos cálculos que colocaram pessoas no espaço, na criação de produtos e serviços que estão todos os dias nas vidas de milhares de pessoas. O que talvez seja um fenômeno mais recente é o apagamento que sofremos nesse meio.

Nós, que sempre estivemos presentes nos espaços de criação e circulação de inovações tecnológicas, fomos sistematicamente afastadas e apagadas desse meio pelo preconceito, e pela falta de apoio às nossas carreiras, à maternidade, e às nossas ambições. O assédio moral e sexual sempre presente nas escolas, universidades e ambientes de trabalho normalizou a hostilidade à mulheres em ambientes voltados à tecnologia.

Hoje, apenas 25% das pessoas que trabalham com tecnologia são mulheres, e quase 80% das mulheres que entram em cursos superiores e técnicos de Ciências Exatas e Tecnologia desistem dessa carreira ao fim do primeiro ano de estudos, motivadas pela falta de incentivo e apoio de colegas, professores, e familiares. Entre as 100 empresas que mais recebem aporte de capital, apenas 7% possuem mulheres em posições de liderança. Para quem se preocupa com questões de justiça e equidade, e entende a importância de equipes diversas em ambientes profissionais, uma mudança nesses padrões é urgente e necessária. Por isso, compilamos aqui algumas estratégias que podem alterar essas estatísticas alarmantes.

Que tal começar agora?

Apoie comunidades e projetos que incentivam a inclusão e participação de mulheres na tecnologia

Existem milhares de comunidades dedicadas à inclusão, empoderamento, apoio e desenvolvimento de mulheres na tecnologia e todas elas aceitam contribuições diversas. Seja como apoio em eventos, cursos e oficinas (espaços, alimentação, computadores, etc.) até doações em dinheiro para manter essas iniciativas ativas. Entre em contato com essas comunidades, aprenda como você pode contribuir, e faça a sua parte!

Respeite as mulheres que trabalham ao seu lado

Sabemos que os caminhos para a igualdade são longos e difíceis, e que construir um futuro mais justo não é um trabalho solitário ou exclusivo de mulheres. Por isso, se comprometa em valorizar e apoiar o crescimento das mulheres em busca de espaços onde a igualdade de gênero não é apenas almejada, mas se torna um compromisso e um exercício diário, durante todo o ano.

  • Não interrompa mulheres enquanto elas estão falando, e chame atenção de quem as interrompe;
  • Se manifeste caso eventos, painéis ou congressos que você for convidado para participar não inclua mulheres na sua programação;
  • Não utilize adjetivos pejorativos e agressivos como “louca”, “histérica” ou “agressiva”, isso perpetua estereótipos negativos;
  • Não abrace ou beije mulheres que você não conhece ou possui pouca intimidade;
  • Envolva mulheres em seus projetos e tarefas, deixem-nas contribuir tanto quanto outros homens;
  • Se manifeste a favor de salários igualitários entre mulheres e homens;
  • Contrate, apoie e promova mulheres no seu ambiente de trabalho;
  • Ouça, acredite e empodere as mulheres ao seu redor.

Crie consciência sobre os seus privilégios e entenda o que você pode fazer para mudar o cenário

  • Não tolere atitudes sexistas e assédio moral ou sexual ao seu redor. Preste atenção aos sinais e, se presenciar uma situação dessas, se manifeste. Caso você tenha tinha uma atitude machista, ouça e repense sua atitude;
  • Não repita frases e “piadas” machistas. Muitas expressões que são populares como “mulher no volante, perigo constante”, “tinha que ser mulher”, “isso é coisa de mulher” ou “não aja como uma menina” alimentam e reforçam ideias negativas sobre o que é ou não um comportamento próprio para uma pessoa e que raramente tem a ver com gênero;
  • Entenda o que termos como “bropriating”, “manterrupting”, “manplaining” e “gaslighlting” significam, saiba como evitá-los e impeça que outros homens façam o mesmo;
  • Não rebaixe outras mulheres para se elevar. Repense suas atitudes e seu vocabulário e cancele todas as coisas tóxicas que podem ser usadas para julgar e inferiorizar outras mulheres. Chame atenção de outros homens que fazem isso e explique porque é errado;
  • Elogie e reconheça as mulheres ao seu redor por coisas que vão além da sua aparência física. Preste atenção ao trabalho que elas realizam e como elas contribuem para os espaços que vocês dividem. Não faça isso só para elas, mas também para outros homens;
  • Não incentive rivalidade entre mulheres, não as compare e repreenda homens que fizerem isso. Busque mulheres que possam ser inspiração para a sua vida, seu trabalho e acredite que qualquer avanço feito por uma mulher é um avanço para toda a sociedade;
  • Não reforce nenhum tipo de estereótipo, cada mulher é única e possui vivências importantes e relevantes;
  • Dê espaço e voz para mulheres. Não fale por elas e por suas experiências. Ouça ativamente e se esforce para que elas possam falar.

Nesse Dia Internacional da Mulher, se comprometa com mudanças constantes e duradouras. Aja a favor de espaços mais diversos e inclusivos e apoie a transformação da nossa realidade com diálogo e abertura à mudança.

Ana Paula Maia