Neste momento você pode ser um Líder de time, um Gestor, um gerente de projetos ou Coordenador de equipes. Mesmo com todo o seu trabalho e dedicação, tem sido difícil atuar em equipe, e você tem buscando respostas para alguns dos grandes problemas enfrentados pelas empresas nos dias de hoje:

Difícil acreditar que o seu time atual pode ser melhor ainda sem a sua ajuda, certo?
Bem, talvez o próprio processo de gestão seja o fator limitador:

Talentos

– “Nós não podemos copiar o Netflix porque ele tem todos os engenheiros superstars, nós não temos esse time” – CTO de uma empresa Fortune 1000
– “Nós contratamos eles de você, e os deixamos trabalhar” – Adrian Cockcroft

Bem vindo à Era da Participação, onde todos são convidados a participar das decisões e compartilhar as responsabilidades da ações dentro da empresa. Espaços assim são mais humanos, e frequentemente mais produtivos que empresas tradicionais.

Existe um entendimento de que time auto-gerenciáveis são equipes sem gerentes, sem regras, sem limites, e que todos decidem sobre tudo. Bem, isto é uma mentira, ainda que existam empresas que são operadas em estratégias democráticas de organização.

É necessário, então, definir auto-organização:

“Auto organização significa que, uma vez que seja formado um time para resolver um problema, com as restrições claras para que ele opere, o próprio time decide como o trabalho é realizado”

Esta será uma mudança de postura e pensamento para seu ambiente de trabalho, muito além das práticas, existem inúmeros princípios por trás desse entendimento:

  • Pessoas são geralmente mais felizes quando possuem controle sobre sua própria vida (e seu trabalho)
  • Não faz muito sentido a autoridade da tomada de decisão estar na mão da pessoa literalmente mais distante do trabalho a ser feito
  • Quando você dá mais responsabilidade para bons profissionais, eles tendem a exceder as expectativa
  • O modelo hierárquico das organizações não é escalável – na verdade é uma receita para uma morte lenta e dolorosa
  •  Há um vinculo irrefutável entre liberdade e prosperidade econômica em países ao redor do mundo, e além disso, um vínculo também irrefutável entre a falta de liberdade e a corrupção em nível nacional. O mesmo é verdade para organizações humanas em geral.

Tradicionalmente, um líder de equipe tem a responsabilidade de tomar as decisões e de delegar as tarefas de execução ao time, sem qualquer questionamento das decisões. Este é o entendimento de que um Gestor é capaz de tomar uma decisão mais acertada do que 10 pessoas mais próximas do problema do que ele. Estruturamos nossas empresas assim: hierarquias formais de decisão, baseadas num modelo buscando eficiência operacional (centralização) ao invés de eficácia. Desta forma, acreditava-se há 100 anos atrás, seria mais fácil ter o controle e diminuir o risco.

Podemos ver o resultado deste modelo na aviação, com o acidente do vôo United 173 em 1978:
– Um problema no trem de pouso da aeronave durante o vôo alterou o indicador mostrava o estado do equipamento pré-pouso. Apesar de estar na posição correta para o pouso, o piloto tinha a informação contrária, uma vez que o circuito havia sito danificado e apresentava o trem de pouso levantado.
– O Piloto tomou a decisão de abortar o pouso para tentar identificar a extensão do problema e seguir com preparativos para um possível pouso forçado no aeroporto.
– A tripulação ficou tão absorvida nos preparativos para o pouso forçado e na tentativa de identificar o problema que não reparou que o avião estava ficando sem combustível em vôo, deixando o avião em situação crítica e obrigando o piloto a pousar no meio do subúrbio de Portland . Resultado: 10 mortos, 24 feridos.

Qual foi o diagnóstico da investigação:
“O Board de Segurança acredita que este acidente exemplifica um problema recorrente – uma crise na estrutura de gestão do cockpit e trabalho em equipe durante situações envolvendo mal funcionamento de dos sistemas em vôo… Sendo assim, o Board de Segurança pode apenas concluir que a equipe falhou em relacionar a quantidade de combustível sobrando e o tempo necessário para chegar ao aeroporto, pois a atenção estava totalmente focada em diagnosticar o problema com equipamento”

Tradicionalmente, a tripulação dos vôos comerciais era organização num modelo hierárquico em que o Comandante era o único a tomar decisões e à tripulação cabia apenas seguir as instruções dadas por ele. No caso deste acidente, apesar da equipe ter a capacidade de ver o problema de combustível, as decisões só poderiam ser tomadas pelo líder. A falha foi do Comandante? Não! foi do modelo de gestão que ele estava inserido. Simplesmente não havia como 1 única pessoa resolver essa situação.

O interessante desta história é que isso mudou completamente a organização e o modelo de gestão dos vôos comerciais, para uma abordagem mais participativa e menos autoritária na aeronave em que a tripulação é incentivada a questionar decisões e a apontar problemas na estratégia de vôo.

E eu com tudo isso?

Bem, quais seriam os passos para tirar proveito de um time auto-gerenciado?

Existem alguns fatores essenciais para times auto-gerenciáveis, que julgo importantes serem o foco do trabalho:

Competência: indivíduos precisam ser competentes no trabalho, ampliando a confiança do time e reduzindo o direcionamento de alguém de fora do time. Trabalhe para formar seu time.

Colaboração: trabalho em equipe deve ser incentivado de todas as formas.

Respeito: indivíduos se respeitam e confiam uns nos outros. Eles acreditam na responsabilidade coletiva do time e estão prontos para ajudar os demais a resolverem problemas

Continuidade: o time deve se manter junto por um determinado período. Mudanças frequentes de composição do time não ajudam.

Na minha visão, é necessário construir uma cultura de auto-gestão na equipe, mesmo que para isso existe um período de transição em que a equipe é “autogerenciada”(baita pegadinha do malandro).

1) Forme um time ao redor de um propósito
– Importante deixar claro quais os objetivos se espera com esse time
– Determine em conjunto com o time quais são as restrições nas quais esse time precisa operar (sejam elas datas, políticas, tecnológicas, financeiras, etc)

2) Permita acesso a toda e qualquer informação que o time julgue necessário
– Os tempos de segredos são passado. Para que o time forme o contexto necessário, ele precisa estar munido de informações para a tomada de decisão
– Como regra geral para informação a ser compartilhada, TUDO está à disposição do time, e todos sabem disso

3) O time decide os processos que usará para alcançar o objetivo, dentro das restrições determinadas
– É importante o entendimento de que não há mais “pedir permissão” para executar o trabalho, ainda que isso doa mais em você do que no time

4) Errar faz parte do processo
– Um time precisa aprender com a próprias decisões, e talvez este seja o maior exercício para o líder: Permitir que o time erre
– Discuta com o time os resultados, reflita sobre melhorias e deixe a própria equipe definir como ela será melhor na próxima decisão.
– Tenha ciclos de Retrospectivas com o time, seja um facilitador para as reuniões!
– A posição do líder aqui é de conselheiro

5) Celebre as vitórias
– Comemore os avanços alcançados!!

É sensacional a mudança de postura que encontramos nas pessoas quando lhes é dada a oportunidade de exercer seu trabalho de maneira direta, objetiva e com responsabilidade.

Que tal um exemplo de larga escala?

Victor Hugo Germano

CEO da Lambda3