Mais uma vez, incomodada com a previsibilidade que poderia se instaurar nas retrospectivas de um dos times em que atuo como agile coach, resolvi atiçar as ideias para ver se saía algo diferente. E não é que saiu?

Geralmente, oferecemos uma estrutura para que o time envolvido exponha suas percepções sobre o período pré-estabelecido. Embora, também geralmente, limitemos o perfil dessa exposição através de várias versões sobre o que foi bom, ruim, pontos de melhoria e afins para iniciar as discussões, dessa vez queria inverter o raciocínio e provocá-los a pensar de outra forma.

A ideia foi relacionar uma quantidade de palavras equivalentes a quantidade de componentes do time participante da retrospectiva e a partir delas realizarmos a cerimônia . Essas palavras correspondem a diferentes sentimentos, tanto positivos, quanto negativos. O time em questão era composto por 7 pessoas, então elenquei as seguintes palavras:

*Companheirismo;
*Frustração;
*Insegurança;
*Orgulho;
*Gratidão;
*Entusiasmo;
*Surpresa.

Essa seleção não ocorreu de forma aleatória, mas sim através da observação do dia-a-dia do time. Sinta-se a vontade para escolher aquelas que mais se adequem ao seu contexto.

Escolhidos os sentimentos, os escrevi em uma folha, cortei e dobrei cada palavra e as inseri numa pequena caixa de papelão.

No momento da retrospectiva, contextualizei o time sobre o momento e orientei que cada um pegasse um papel dentro da caixinha. Não vi necessidade de restringir o momento da abertura dos papeis, mas se quiser fazer um suspense maior, pode pedir para que abram todos juntos.

Após a descoberta da palavra que cada um havia tirado, os orientei a que pensassem em algum momento do período ao qual a retrospectiva se referia, onde tivessem vivenciado aquele sentimento, fazendo a seguinte pergunta: “Que momento da última semana (que é o intervalo entre nossas retrospectivas) despertou esse sentimento em vocês?”. Para esta fase não foram necessários mais do que 5 minutos.

Terminado o time – box, cada um falava o seu momento associado ao sentimento e em seguida, eu questionava os demais participantes se haviam vivenciado momentos diferentes daquele que foi compartilhado ou se gostaria de complementar a percepção do colega e assim, fomos construindo as discussões sobre os temas.

Para organizar as informações que iam surgindo, no quadro disponível na sala desenhei uma espécie de mapa mental, onde no centro escrevi o nome do projeto e a medida que íamos discutindo os sentimentos, também ia escrevendo-os, ligados ao projeto e anotando observações importantes associadas ao sentimento, bem como as ações necessárias para evitá-lo, quando houvesse. É interessante utilizar canetas coloridas para categorizar as informações e não gerar confusão nas anotações.

Ao final de todas as participações, abri espaço para que levantassem pontos que eventualmente não tivessem sido abordados pelas palavras pré-definidas, assim evitávamos que alguma questão ficasse descoberta.

Embora inicialmente essa estrutura possa parecer um tanto engessada, na prática, o desenrolar da atividade é extremamente fluido… O maior cuidado a ser tomado é na escolha das palavras que serão o ponto de partida para atividade. É importante que a escolha considere as vivências do time no período ao qual a retrospectiva se refere e que nós, como facilitadores, tenhamos clareza sobre o que queremos extrair de cada situação representada pelos sentimento escolhidos, conduzindo assim, a cerimônia de forma produtiva.

É isso! Qualquer dúvida ou sugestão, deixe seu comentário que batemos um papo. Obrigada pela leitura.

Até mais! 😉

Angélica Canuto

Movida a energia solar, desbravadora por natureza, de casa e do mundo, irrotulável, apaixonada, desconfiada, curiosa, analista de sistemas por acaso, a 3 anos vivendo um caso de amor com a agilidade.