Será que um profissional de tecnologia, um programador ou arquiteto de software, precisa saber escrever corretamente? Mais que isso, será que precisa saber escrever bem? "Bem" é algo subjetivo, eu definiria que um texto bem escrito é um texto que prende minha atenção, não me dá sono, é educado, não parece que foi escrito por uma criança ou adolescente, e me dá vontade de ler até o final.

Eu acho que escrever corretamente é fundamental. Quando vejo um desenvolvedor que comete erros fundamentais de português, não tenho como deixar de imaginar como foi o resto da educação dele. Se não sabe nem escrever, será que sabe programar? Não saber escrever corretamente também é reflexo de algo muito mais sério: falta de leitura. Uma pessoa que trabalha com desenvolvimento de sistemas e não queira ficar para trás precisa estudar. E para isso, a leitura é fundamental. Logo, se o profissional não lê, isso quer dizer que não estuda, e que a chance de estar desatualizado é razoável. Para um profissional pleno isso é menos importante, para um sênior é crítico. Ele até pode aprender a usar um novo datagrid, mas não vai muito além disso. E um sênior não é feito de saber usar datagrids, ou que conhece o .Net Framework 3.5, é uma composição de coisas, entre elas o interesse por diversos assuntos, que demandam leitura.

Agora, de nada adianta o cidadão escrever corretamente. Não posso pedir a um programador que escreve apenas corretamente para escrever a um diretor. Se o profissional escreve corretamente, mas escreve sem clareza ou como um adolescente, ou seja, não sabe se comunicar, escolho outro que saiba para escrever ao tal diretor.

Imagine a situação: você pode ser um ótimo programador, mas eu convido o seu colega, que é um programador médio, para se comunicar com alguém alto na hierarquia. Ruim, não é? Você acaba de perder uma oportunidade de fazer um pouco de networking.

Só tem um remédio: leia! E escreva também. Pode ser um blog, um diário, cartas para um familiar distante, não interessa. Exercite a escrita. Isso muda não só sua maneira de escrever, mas também a de ler, e até de pensar.

Leitura é algo fundamental. Muita gente não pega num livro o ano inteiro, não lê nada. Só que a leitura é um hábito que qualquer um pode criar. Então, se você não está acostumado a ler, é bem simples resolver: acostume-se. No começo é um remédio amargo; depois que você acostuma passa a gostar, e ler se torna uma experiência, no mínimo, prazerosa.

Giovanni Bassi

Arquiteto e desenvolvedor, agilista, escalador, provocador. É fundador e CSA da Lambda3. Programa porque gosta. Acredita que pessoas autogerenciadas funcionam melhor e por acreditar que heterarquia é mais eficiente que hierarquia. Foi reconhecido Microsoft MVP há mais de dez anos, dos mais de vinte que atua no mercado. Já palestrou sobre .NET, Rust, microsserviços, JavaScript, TypeScript, Ruby, Node.js, Frontend e Backend, Agile, etc, no Brasil, e no exterior. Liderou grupos de usuários em assuntos como arquitetura de software, Docker, e .NET.